
Inclusão feminina no BPChoque completa 30 anos e ocorreu durante o comando do Cel Arlindo Bonete
O Coronel Arlindo Bonete é um destacado oficial da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Com uma trajetória que abrange mais de três décadas, Bonete ascendeu a diversas funções e cargos na corporação. Entretanto, foi em 1995, durante o seu comando no Batalhão de Polícia de Choque da Brigada Militar (atualmente Batalhão de Operações Especiais – BOPE), que ocorreu a inclusão de mulheres na unidade, tradicionalmente masculina.
“Era um período de renovação em que as mulheres estavam conquistando espaços, principalmente na Brigada Militar”, lembra.
Após 30 anos, as nove pioneiras que ingressaram no Batalhão — as policiais militares Santa da Silva Garcia, Viviane Merkel Soriano, Rosane Salete Campioni, Adriana D’Ávila Dalvit, Gelciara Soares Ribeiro, Adriana Karine Carneiro, Claudia Pagini Fonseca, Rita da Silva Rosa e Simone de Oliveira Severo — foram homenageadas em novembro, durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Porto Alegre. O evento contou com a presença de autoridades civis e militares, incluindo o Coronel Bonete.
Por fazer parte dessa mudança no Batalhão de Choque, considerado uma unidade especial e de alto rigor dentro da BM, Bonete trabalhou para implementar políticas de treinamento e capacitação que garantissem que as mulheres fossem tão bem preparadas quanto os homens. Segundo o oficial, a maior preocupação era adaptar a estrutura funcional e administrativa da unidade.
“Durante as atividades do Batalhão de Choque, recebíamos o apoio de policiais femininas de outras unidades, e o Comando da Brigada entendeu, na época, face às nossas solicitações, que estava na hora de termos um efetivo feminino próprio”, lembra. O ingresso exigiu esforço, disciplina e superação.
As policiais iniciaram com atividades que incluíam revistas em presídios femininos, estádios de futebol e cumprimento de ordens judiciais. Logo, passaram a atuar em operações que iam desde o controle de distúrbios até a reintegração de posse — tanto urbanas quanto rurais —, controle de rebeliões em estabelecimentos prisionais e repressão qualificada à criminalidade violenta.
Apesar de a Brigada Militar ter em sua história grandes figuras femininas, desde aquelas que atuaram nas guerras históricas do estado até Olmira Leal de Oliveira, a “Cabo Toco”, patrona das policiais femininas, até então, nenhuma havia feito parte do BOPE, a tropa de elite da BM, empregada em situações que exigem elevado rigor tático e estratégico.
“Com muito esforço, superamos as desconfianças e os preconceitos, demonstrando que mulheres são aptas a trabalhar no Batalhão de Choque”, afirmou Viviane Merkel Soriano durante a homenagem na Câmara Municipal de Porto Alegre.
Uma liderança transformadora
O Coronel Arlindo Bonete, que atualmente está na Reserva Remunerada, serviu em unidades da BM no interior do estado. Foi instrutor por treze anos na Academia de Polícia Militar, participou do Grupamento Aéreo de Polícia Ostensiva, foi Subcomandante-geral do 9º BPM, Comandante do Batalhão de Polícia Rodoviária, do BPCHQ, da Academia de Polícia Militar e foi Diretor de Ensino. O oficial foi também Comandante do Policiamento da Capital, onde se destacou pela implementação de estratégias para melhorar a segurança em Porto Alegre.
Entretanto, um dos marcos mais significativos foi sua atuação no Batalhão de Choque, com a inclusão de mulheres que provocaram mudanças, quebrando estereótipos de gênero e abrindo novas oportunidades para profissionais femininas na corporação. “As mulheres fortaleceram sua participação em todas as áreas da Segurança Pública, assim como em todos os setores da vida pública; não havia mais espaço para distinções”, salienta.
Além de contribuir para a modernização da Brigada Militar, o oficial promoveu um ambiente mais representativo nas forças de segurança do Rio Grande do Sul. Sua carreira é um exemplo do impacto que a liderança pode ter na promoção de mudanças sociais importantes dentro das instituições militares.


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