“Não está na hora de comemorar, somos uma gota no meio do oceano”, diz Major do Corpo de Bombeiros Militar no “Dia da Mulher Negra Latino-Americana Caribenha”
O Dia 25 de julho foi diferencial. Representantes de diversos setores durante o seminário o “Dia da Mulher Negra Latino-Americana Caribenha” e o “Dia de Tereza de Bengala” abordaram temas relacionados ao empreendedorismo, empregabilidade, renda e profissões com os números da inclusão da mulher negra nas empresas e no serviço público.
Através da Fundação Walter Peracchi de Barcellos – Funperacchi, da Associação dos Oficiais da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros Militar ( ASOFBM) da Escola Superior dos Oficiais da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros Militar – ESBM, da Associação Brasileira de Advogados – ABA, Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, Escola Superior de Advocacia ESA, Associação de Juízes do Rio Grande do Sul – AJURIS, UNISINOS e Reafro – Rede dos Afro empreendedores foi possível traçar o mercado de trabalho no evento que ocorreu, nesta segunda-feira (25/07)na Associação Comercial de Porto Alegre, no Centro da Cidade.
Na abertura oficial, o presidente da Funperacchi e da Comissão de Igualdade Racial da ABA, advogado Roberto Alexandre, agradeceu a participação de todos afirmando a importância de “quebrar paradigmas”, mudar uma crença disseminada para que de fato, as mulheres negras ocupem seus lugares e a necessidade de políticas públicas para combater a desigualdade.
Após 30 anos da Organização das Nações Unidas (ONU) reconhecer, em 1992, a data como Dia da Mulher Negra Latino-Americana Caribenha e o Brasil, em 2014, instituir o 25 de julho, como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, homenageando uma das principais mulheres, conhecida como “Rainha Tereza”, que viveu no século XVIII, no Vale do Guaporé (MT), liderando o Quilombo de Quariterê, se percebe que a história se repete e quase, diariamente. Por isso, foi lembrada no início do evento, reforçando a árdua luta das mulheres negras que, ainda, fazem parte dos maiores índices de violência e continuam sofrendo com suas histórias e ações.
Exemplos da luta diária da mulher negra na economia do Estado, não faltam. Mas, os especialistas das áreas do Direito, da educação, polícia civil, militar, empreendedoras e representantes de fundações ecoaram a desigualdade.
Na Carreira Militar, por exemplo, a Major Biane que participou da mesa de debate, com o tema “ Diversidade e inclusão nas empresas e nas Carreiras Públicas”, revelou que no Corpo de Bombeiros Militar ela é a única oficial negra. Disse que na Brigada Militar, no último concurso de 2018 apenas duas mulheres se declararam pardas e no Corpo de Bombeiros uma mulher, que se formou no sábado, se declarou parda ( todas oficiais) . “Alguma coisa deve estar errada, se mais da metade da população se declara negra, ou parda, como é que tenho apenas uma mulher negra e duas que se declaram pardas, em um mar de 25 mil homens?” Questiona a Major.
A vida da Major foi pautada pela coragem, resistência e muito estudo. Entrou na Brigada Militar como soldado, fez o Curso Superior em Direito e passou no Concurso para Capitão da BM. Na desvinculação das Instituições escolheu o Corpo de Bombeiros Militar. ” Eu sou muito feliz por ter chegado onde cheguei, mas eu sou a exceção, da exceção, da exceção. Então, eu te pergunto nós estamos aqui para comemorar , ou para trabalhar muito?”
“Não está na hora de comemorar, somos uma gota no meio do oceano”, respondeu a Major, mesmo reconhecendo seu esforço. “Nós ainda continuamos na luta! Sim, ainda é necessário falar!
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